quarta-feira, 16 de abril de 2014

Jogos bons para S-Nes : BlackThorne


Por mais que os games se modernizem (e diminuam de tamanho) nenhum deles consegue superar o todo bom e respeitoso Super Nintendo, quem viveu sua magnífica era sabe o que estou dizendo. Entre seus últimos clássicos lançados na época em que gráficos bons e divertida jogabilidade conseguiam não nos deixar desejosos por efeitos tridimensionais, ao lado de hits como a série Donkey Kong marcava presença Blackthorne, da Blizzard, bem menos conhecido, mas tão bom quanto. Blackthorne era uma espécie de Rambo que figurava um jogo side scrolling de atmosfera sombria num cenário apocalíptico, com criaturas horripilantes espalhadas em um labirinto que reunia, entre outras coisas, reféns, passagens secretas e itens necessários para se completar a missão, bem ao estilo RPG. Apesar de não haver outras mídias além dos jogos eletrônicos (também foi lançado para GameBoy Advance, computador e Sega 32X) a mitologia em torno de Blackthorne é uma história longa e elaborada, tipo um filme mesmo, e se na própria embalagem do game continha informações que o engrandecia pela sua aproximação ao universo cinematográfico, as próprias cenas narrativas entre a apresentação, um estágio e outro até o final, recurso já utilizado em jogos significantes como Ninja Gaiden, é uma primorosa composição, seja a própria história, o gráfico ou a trilha sonora, enfim, tudo que contribua para a sensação de estarmos vivenciando uma dramaturgia digna de Oscar, incluindo a própria jogatina e a direção de arte do jogo, deixa Altered Best no chinelo. O primeiro nome do  personagem Blackthorne é Kyle, e a história de fato renderia um bom romance, misturando elementos ficcionais de mitologias tipicas de histórias da terra média com temáticas futuristas, fazendo lembrar filmes como Krull, Conan - o Bárbaro, Mad Max e animações como He-Man, para quem se interessar em conhece-la é só visitar a Wikipedia do game clicando aqui.

E quanto ao jogo? Para alguns gamers que costumam pular as telas de narração, a jogabilidade é o mais importante, e nisso Blackthorne também não decepciona. Kyle não é o personagem mais veloz dos games, mas pode correr sempre que necessário e pular de uma plataforma à outra em um grande salto, se pendurando com maestria escalando assim obstáculos, o que faz o jogo ficar bem parecido com Prince of Pérsia, além de rolar pelo chão e até atirar de costas. A munição de sua artilharia é ilimitada e volta e meia é possível adquirir explosivos como granadas e bombas teleguiadas cujo player pode ajustá-la onde desejar, a detonando com o toque de um botão. A consequência  em algumas vezes é desastrosa até para o próprio Kyle. Entre os itens especiais se encontra um levitador de visual belíssimo e poções de efeitos vitalizadores oferecidas por rebeldes prisioneiros escravizados na terra de Thalos, e falando nisso Kyle pode encontrar um monte deles acorrentados em cada parte, sendo possível até eliminá-los, mesmo quando os coitados fazem favor de auxiliá-lo em sua missão, mas aí você passa de herói para inescrupuloso, a nãos ser que seja do tipo pessimista que acredita que a morte é a melhor cura para o sofrimento. Mas nem todos os rebelados contra o domínio e tirania de Sarlac, o imperador do mal, são cordeirinhos indefesos. Alguns, como o próprio Kyle, saem de pistola em punho à caça de orcs armados, embora alguns humanos covardes traiam sua raça e unam forças ao império de Sarlac, mas não se eximem de encarar nosso protagonista badass. Em ritmo humano e realista esse Rambo Sci-Fi troca chumbo com os inimigos em um sistema de combate singular, ficando fora da reta distanciando-se para trás cada vez que uma saraivada de balas tenta atingi-lo, retomando sua posição na sua vez de contra atacar, aproveitando o espaço de tempo em que deixa de ser a caça para se tornar caçador. Mas alguns orcs não se deixam abater com poucas balas e a operação precisa ser repetida, e às vezes os minutos decorridos podem incomodar e atrapalhar pela afobação. Só avisando, os orcs costumam rir da sua cara quando conseguem atingi-lo, aproveite para faze-los engolir seu escárnio. Você vai encontrar também monstros que irão prová-lo que tamanho só serve para assustar, que usam chicotes em vez de armas de fogo, a maioria de visual caprichado, e Sarlac, embora não sendo o último chefe mais difícil do mundo, é um puta pé no saco. Tudo que é arma que você possa imaginar ele tem. Quem sabe agora, que os consoles tornarem-se emuladores e os passwords deram lugar aos eficientes saves, a experiência de detoná-lo de repente não parece mais tão trabalhosa. Só que não se pode atentar apenas aos inimigos quando tratamos de um jogo tão complicado. Os estágios, os perigos, os labirintos em que nosso herói se mete não é para se atravessar num piscar de olhos. Os belos cenários guardam mil e uma armadilhas, tem vezes que você simplesmente se perde numa fase a ponto de querer desistir, mas a experiência sensorial pela qual você é contagiado fazendo-o se sentir imerso em um filme distópico como um protagonista-chave para a salvação da humanidade não deixa. Algumas nuances o aproximam de Street Fighter 2010 para Nintendinho (lembra desse, retrogamer?), pena que lançado numa época em que os jogos de CD estavam em vias de se tornar a mídia definitiva, tornando-se assim um dos últimos lançamentos de S-Nes.















Simplesmente não consigo encontrar defeito neste jogo. As únicas coisas que não deixo passar em branco, a nível de curiosidade e não de crítica, é quando Kyle toma impulso para saltar sobre uma mina rastejante de médio porte quando poderia simplesmente passar por cima, o fato de não poder esmurrar seus inimigos, sendo por completo dependente de sua artilharia e a ausência de banhos de sangue que um game do gênero poderia permitir, mas no geral já é um jogo bastante violento, inclusive o cartucho teve uma ou outra coisa censurada, mas nada disso influencia a admiração que tenho por esse incrível jogo, por mais que a mitologia acerca de sua história se sustente por um único volume apenas. Talvez seja esse mesmo seu grande mérito.
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