quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Tartarugas Ninja vs Battletoads


Em um combate entre répteis e anfíbios quem leva a melhor? E nada melhor para representar estas duas classes animais do que grupos de mutantes adolescentes feras em combate armado ou corporal presentes em mídias bem sucedidas mundialmente. Porém, nesse quesito, os sapos de batalha levam a pior, pois eles só tem vida ativa de fato nos videogames da Sega e Nintendo, mas o que os falta em participações de veículos de massa resta em criatividade e simpatia. Eu diria até que Battletoads são os sucessores dos répteis mutantes, as Tartarugas Ninja genéricas. Mas vamos logo às comparações técnicas entre as duas equipes, já que há ainda aqueles que jamais notaram suas semelhanças. 

Personagens

Assim como as Tartarugas, os Battletoads são sapos mutantes adolescentes geneticamente modificados. Quanto a origem de tal mutação é um mistério. Só que há algumas versões bizarras a respeito, uma contada nuns quadrinhos feitos especialmente para a revista Nintendo Power mostrando três garotos detonando nas partidas do videogame de realidade virtual Battletoads (que deve botar o Nintendo Wii no chinelo). O fabricante decide então tornar as coisas mais difíceis, chegando ao ponto de fazer os garotos serem tragados para dentro do arcade e se transformarem nos personagens principais. Besteira pouca é bobagem. A outra é de um episódio piloto para uma animação que não foi pra frente, exibido na Fox em 1991. Nele, três surfistas adolescentes que se transformam em sapos mutantes superfortes tem como missão resgatar uma princesa das garras da vilã Dark Queen. 



As Tartarugas, por sua vez, tiveram sua origem baseada na dos heróis Marvel, como Demolidor e X-Men, fonte de inspiração de seus criadores. Em Nova York, um menino carregava um aquário com 4 tartarugas e é atropelado por um caminhão que transportava um tubo com uma substância verde, viscosa e esquisita (que seria o ooze, substância química responsável pela alteração dos gênes das Tartarugas). O aquário com os animais vai parar dentro de um bueiro, e os quelônios, banhados pela tal substância, são acolhidos pelo Mestre Splinter, um rato de aparência humanoide que provavelmente tivera a mesma origem. Em várias versões, como no desenho clássico, Splinter foi o ninja Hamato Yoshi quando humano.





















Os Battletoads são:



Rash: Um sapo cool, na minha opinião o personagem principal, usa óculos escuros e tem toda pinta de rocker. Seu nome verdadeiro é Dave Shar.

Zitz: Nerd, divulgado por aí como líder do grupo, mas eu discordo. Em jogos importantes ele que é a ´´princesinha indefesa que precisa ser resgatada``, mas gosto dele mesmo assim. Sua pele é mais clara que a de Rash, seu nome é Morgan Ziegler e sua marca registrada são suas luvinhas de couro (ou látex) sexy (ui!)

Pimple: O marombeiro do grupo, seu verdadeiro nome é George Pie e é bombadão como ele só. Sua cor é marrom/alaranjada e dá boas cabeçadas no oponente para finalizar o combo.

Enquanto o time das Tartarugas conta com quatro guerreiros, Battletoads tem apenas três. Mesmo assim não fica devendo nada aos quelônios em se tratando de combates, mesmo não dominando o ninjutsu e sem andar por aí armados. Seus próprios punhos e pés são convertidos em máquinas de batalha quando preciso, os chamados ´´Smash Hits``, como botas com espinho na sola, chifre de bode na cabeçada, mão que se transforma em bigorna, martelo, machado, furadeira e até mesmo serra elétrica. E é claro, eles também tem o Mestre Splinter deles, o T. Bird, um abutre geek vermelho.

Tartarugas Ninja:

É até desnecessário falar sobre elas. São tão populares que todo mundo é familiarizado com suas características. Mas vamos lá.

Leonardo: O mais sério e líder da equipe. A cor de suas bandanas é azul. Sua arma é um par de espadas, também conhecidas por Katanas.

Michelangelo: O mais palhação de todos, sua cor é laranja e usa nunchakus. 

Donatello: O nerd, costuma ter invenções brilhantes que tanto ajudam o grupo. Sua bandana é roxa e em algumas versões sua tonalidade de pele é mais escura que a dos outros. Sua arma é um bastão (ou cajado Bo).

Raphael: O esquentado, sua cor é vermelha e usa um par de sais como arma. 

Mestre Splinter: Um velho rato de aparência humana, mestre do ninjutsu, mentor e sensei das Tartarugas. A equipe conta ainda com vários outros aliados, coisa que os Battletoads não tiveram a chance de ter, mas toda a sorte do tempo da série, quadrinhos e filmes,  obviamente dariam a elas oportunidade de conquistarem novas amizades. Os mais famosos são a jornalista April O´Neil, o coelho Usagi Yojimbo e Casey Jones, um jogador de hockey com síndrome de Jason Voorhees, só que do bem, lógico.

O Começo



Battletoads, como bem se sabe, originou-se num bem sucedido jogo de videogame da Rare no estilo Beat-em-up, lançado para plataformas como Sega, Game Boy e NES em 91. Sua trilha sonora foi composta por David Wise, que também trabalhou na trilha de outros jogos clássicos da Rare, como Donkey Kong. Mais tarde foi lançado para S-Nes o que considero ser o melhor de todos, Battletoads in Battlemaníacs, além de Battletoads e Double Dragon, no qual os heróis sapos uniam forças aos irmãos Lee no combate aos vilões das duas franquias gamísticas. Infelizmente a vida útil dos batráquios se resume à sua carreira nos consoles, já que nada mais de interessante foi preparado com esse rico universo, o que acho uma pena, pois creio que renderiam bons projetos aproveitando toda essa mitologia. Mais triste ainda é não estudarem novos jogos para plataformas mais avançadas, um suposto jogo novo para Game Boy Advance divulgado em 2004 foi para o vinagre, e um enganador comercial de TV sobre uma versão para Wii chegou a ser exibido, mas era tudo balela, faltou confirmação oficial e pelo tempo que se passou já é de se saber que era fake. Os sapos antropomórficos, no entanto, estão presos no passado.


Primeiro rascunho das Tartarugas Ninja,  em  1983


As Tartarugas Ninja foram criadas em 1983 por dois quadrinistas americanos, Kevin Eastman e Peter Laird, fans de personagens Marvel e loucos para iniciarem no mundo dos quadrinhos. Fundaram o Mirage Studios e criaram alguns personagens sem sucesso. Durante uma bebedeira começaram a viajar na maionese, imaginando as características que um herói precisaria ter para se tornar um sucesso comercial, e acabaram inventando uma série de zoação reunindo mitologias de super heróis de gibis que vendiam bem na época. Depois de rejeitados por várias editoras que duvidavam do potencial da série, a dupla decidiu produzir sozinha um gibi independente em preto e branco de baixo orçamento, bancado pelo tio de Kevin, ficando com uma puta cara de zine. Lançado em 1984 com um número ínfimo de tiragem para os padrões de revista em quadrinhos, vendeu todos os exemplares e logo mais e mais tiragens foram feitas, em números cada vez maiores. Em 87 Eastman e Laird então assinaram contrato para uma linha de brinquedos e uma animação com os personagens, claro que tiveram que dar uma ´´amaciada`` na temática chula da série para adequá-la aos padrões de um desenho infantil. 


Primeiro esboço de Kevin Eastman
Primeiro esboço de Peter Laird




Vilões:

Battletoads: 




O vilão principal dos sapos guerreiros é a Dark Queen, uma sensual dama de preto gótica com pinta de dominatrix, do planeta Ragnarok, que planeja dominar o universo contando com ajuda de seus aliados, são eles:

Big Blag: Rato gordão, tradicional inimigo dos sapinhos, difícil pensar neles sem lembrar desse vilão, que inclusive usa como arma uma bola de espinhos da ponta de seu rabo.

Robo-Manus: Cyborg bem feio que parece um alien. Outra figura carimbada. 

Silas Volkmire: Penúltimo chefe de Battletoads in Battlemaníacs, um cientista terráqueo que acabou tornando-se aliado da Dark Queen e virando monstro. Como não se sabe muito a respeito da mitologia dos games, parece que foi ele quem criou os Battletoads.

Scuzz: Soldadinhos que aparecem de todos os jeitos em grande quantidade, usando diversos tipos de armas, só para serem vencidos facilmente, o equivalente ao Foot Soldier das Tartarugas. São ratos mutantes e lembram o Big Blag. 

Psyko Pigs: Outro tipo de soldado, são porcos do mato (tá bom, javali) trajando colant de luta livre e capacete viking, equipados com armas como machados e maças. Em Battlemaníacs estão ainda mais fortes e nocivos.

General Slaughter: Um minotauro bombado  braço direito de Dark Queen em suas mirabolantes tramas. Costuma ser o sub chefe e seu golpe mais poderoso é a cabeçada com seus chifres que manda o opositor para bem longe.

Tartarugas: 



Destruidor, o vilão-mor da série, é o líder do Foot Clã e usa uma armadura de samurai. Seu nome verdadeiro é Oroku Saki.

Bepop: Homem porco do mato (ou homem javali). Atrapalhado e tonto, faz dupla com Rocksteady, um homem rinoceronte, também de muito músculo e pouco cérebro. Foram metamorfoseados pela mesma substância das Tartarugas.

Rei Rato: Assim como as Tartarugas, também vive nos esgotos. Imundo e coberto por trapos, o que não falta em seu corpo são ratos subindo e descendo por todos os lados, seus únicos amigos.

Baxter Stockman: Um dos meus preferidos, Stockman é um cientista doidão que inventou os Mousers, aquelas formiguinhas malditas de mandíbula metálica. Se transforma em uma mosca humana.

Krang: Uma meleca rosa gosmenta (tá bem, um cérebro, que seja) que controla um robô. Sua personalidade é ácida e geniosa.

Só para citar os principais.

Games






E agora uma categoria em que Battletoads tem chance de vencer, pois está dentro de sua jurisdição. Mesmo assim, As Tartarugas tem excelentíssimos jogos para NES e, não parando no tempo, para plataformas mais avançadas também. Mas não saberia dizer quem de fato supera quem.



Battletoads chegou aos consoles domésticos com uma perfeição de gráficos para a época, jogabilidade divertida, personagens interessantes, porém com uma dificuldade tão grande que se tornou sua marca registrada até hoje. A primeira versão foi lançada para Nintendo, Game Boy, Mega Drive e Amiga CD32. Em 93 chegou às lojas Battletoads e Double Dragon, segundo jogo em que pintavam os sapos de batalha. Pouco depois foi a vez de Battletoads in Battlemaníacs, lançado para Super Nintendo. Como o primeiro jogo para Game Boy era diferente dos demais,  ainda em 93 chegava a versão do jogo original para o portátil. Em 94 foi lançado somente para os arcades Super Battletoads, a versão definitiva do jogo, com movimentos mais rápidos e brutais, inclusive com a possibilidade dos sapos guerreiros decaptarem seus adversários. Engraçado que no original os heroizinhos tinham orgulho de serem sapos e pegavam as ´´moscas bônus`` no ar com a língua, detalhe abolido nas versões posteriores. Mesmo com poucos jogos, a franquia representa um clássico absoluto do mundo dos videogames e continua a ser um desafio chegar ao final, diferente da facilidade dos jogos modernos. Podendo-se jogar em dupla com a opção de acertar ou não os golpes em seu companheiro, o que faz o gamer ficar de cabelos brancos é que no caso específico desse jogo a aliança só atrapalha, pois lembrando de outra quase marca registrada das aventuras dos sapos, as fases de jet-sky em que se deve superar obstáculos numa velocidade grandiosa morrendo várias vezes até decorar a disposição e o tempo de cada um deles, se apenas um dos jogadores se esborrachasse, automaticamente os dois voltavam de onde parou.


Super Battletoads, a mais alta patente dos sapinhos

Já as Tartarugas tiveram seu primeiro jogo ainda baseado nos quadrinhos lançado para NES em 89 pela Konami, mas foi só a partir do segundo, muito bom por sinal, que correndo atrás de novos jogos os gamers ficaram sabendo desse. O primeiro, apesar de legalzinho, é difícil pacas, a jogabilidade deixa a desejar, pois é difícil controlar o boneco e o gráfico não é dos melhores, isso sem contar os inimigos que lembram os do Ninja Gaiden embora conte com chefes de fase conhecidos. Mas minha única crítica é quanto a dificuldade mesmo, eu achava legal as variações de visão do campo do jogo e a possibilidade de controlar o furgão das Tartarugas. Já o segundo, é considerado por muitos como um dos melhores jogos do nintendinho, beat-up dos bons, jogado em dupla então torna-se ainda melhor. Não deixa nada a desejar em jogabilidade e em aparições de vilões conhecidos, claro que grande parcela de sua conquista é por se tratar da adaptação para os games de personagens queridos. Aproveitando o embalo a Konami lança o terceiro game, mas esse ficou pouco conhecido, já que é difícil repetir grande sucesso e por a molecada já estar voltada aos jogos mais modernos. É até divertido jogar, a jogabilidade do segundo é repetida já que em time que ganha não se mexe e puderam aproveitar para acrescentar vilões que não apareceram no segundo e cenários diferentes, como uma praia na primeira fase. 



Já para o Super NES foi lançado Turtles in Time, na qual os répteis mutantes viajam por diferentes tempos da história enfrentando vilões conhecidos entre criaturas e personagens históricos. Sua peculiaridade é as Tartarugas arremessando os Foot Soldiers em direção à tela no final de um combo causando efeito tridimensional, recurso também usado contra um chefe de fase do primeiro Battletoads, mas eu ainda prefiro os jogos do NES. Em 93 eis que surge uma verdadeira bomba, uma versão estilo Street Fighter chamada Tournament Fighters. Nem precisa falar o resultado, fugia completamente da proposta dos jogos que funcionavam bem, lembrando que no próprio Turttles In Time tinha uma modalidade na qual os jogadores podiam brincar de luta um contra o outro. Pelo que parecia, a Konami estava desesperada, atirando para tudo que é lado para lucrar mais com os personagens. Sei que anos mais tarde tiveram jogos mais avançados, alguns para PC, mas é melhor eu parar por aqui, já não eram mais os bons tempos.


















Então é isso, para mim os dois grupos empatam, Tartarugas Ninja é pop, mas Battletoads é cult, ambos tem personagens interessantes. É certo que o segundo é um sub produto do primeiro, mas tem potencial para viver longe da sombra. Difícil saber qual das duas equipes se daria bem num combate entre elas mesmas, é mais fácil imaginar que os Battletoads seriam aliados das Tartarugas tal como os outros mutantes animais que ali aparecem (ei, se não me engano na série também tem um homem sapo) e naturalmente também teriam sido mutadas pelo ooze. Mas eu acho que os anfíbios bélicos são mais agressivos, as tartarugas carregam as armas para cima e para baixo, mas nunca usam. 
Os répteis tem uma extensa vida em outras mídias, animação clássica de 87, outras de 2003 e de 2012, além de um live action bizarro da Saban em que num episódio se encontram com os Power Rangers, bastante infiel às origens e que ainda traz uma Tartaruga feminina, quatro filmes bacanas, um deles feito totalmente em CGI e um novo que está por vir contando com direção de Jonathan Liebesman e produção de Michael Bay, e que graças a deus foi desmentido o boato de que nessa versão seriam alienígenas. Quanto aos sapinhos, vamos torcer para que um dia sejam enxergados fora dos games e produzam animação, quadrinhos, brinquedos e quem sabe até um filme com eles. Ninguém interessado não? Ou até mesmo um jogo novo, o que, vamos ser francos, já é muito. 


A gatinha April (Megan Fox) confiscando os sais de um inacabado Raphael.



Fiquem agora com os vídeos que fiz um tempo atrás em homenagem a essas duas franquias dos games.

Putanesca Games: Battletoads


Putanesca Games: Tartarugas Ninja
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