sexta-feira, 15 de junho de 2012

Indulto de Natal

Jogos Vorazes Do novo Crepúsculo aos filmes do Mel Gibson

Publicada na revista Mais Mulher, de Votuporanga - SP





Sendo originalmente apresentado ao grande público como ´´o novo Crepúsculo`` a adaptação para as telas da saga literária de Suzanne Collins pode ter sido tanto favorecida quanto prejudicada. Favorecida pelo forte apelo aos jovens mutáveis, em sua maioria esmagadora do sexo feminino, carente por um pretenso sucessor que ocupe o espaço deixado em seus corações agora que os vampiros e lobisomens de Stephenie Mayer estão perdendo força, e prejudicada por pessoas mais velhas recearem passar perto do filme temendo reconhecer um novo Edward ou uma nova Bella. Isso partindo de quem não leu o livro, mas não é difícil imaginar que assim como eu, muita gente só ouviu falar de Jogos Vorazes (The Hunger Games, algo como jogos famintos) agora, saga de enorme sucesso nos Eua e lançada há pouco tempo no Brasil pela editora Rocco. Mas as semelhanças entre Crepúsculo e Jogos terminam aí, afinal verdade seja dita, mesmo destinadas aos jovens as duas sagas não são direcionadas ao mesmo público.


O Filme

Num futuro distante a América do Norte já era, dando lugar a um país chamado Panem dividido em doze distritos e governado por uma capital. A cada ano, a exemplo de um 13 distrito que se rebelou contra o regime monopolista da capital e teve sua extinção como destino, um menino e uma menina entre doze e dezoito anos de cada distrito são recrutados para uma prova de vida ou morte televisionada em um reality show sem regras onde o maior prêmio é sair vivo. Entre os personagens principais (talvez os pretensos Edward, Bella e Jacob que a mídia fez questão de empurrar) somos apresentados a um triângulo juvenil composto pela heroína Katniss (Jennifer Lawrence, X Mem: First Class), uma moça valente, voluntariosa e hábil com seu arco e flecha, instrumento de caça que acaba sendo muito útil em sua prova mortal, seu melhor amigo e companheiro de caça Gale (Liam Hemswarth) que fica de fora do torneio/reality e Peeta (Josh Hutcherson), um menino prendado ajudante do pai, que pertence ao mesmo distrito de Katniss e sobrevive à primeira etapa ao seu lado, tornando-se um forte candidato a seu parceiro amoroso, não sem uma forçassão de barra dos manipuladores/organizadores do espetáculo, que decidiram oferecer ao público o que faltava nas arenas sangrentas, um elemento que todo mundo gosta; o amor entre jovens. Artifício pensado de última hora para conter a comoção dos pais e espectadores mais sensíveis que não suportavam ver crianças morrerem lutando, e aí a gente se pergunta: por que não se rebelaram desde o início? Parece que só o que eles precisavam era ver uma cena ao estilo A Lagoa Azul para voltarem a ser o que sempre foram, espectadores zumbificados e conformistas. O romance entre Katniss e Peeta me soou convincente, é um dos pontos altos do filme, além de uma cena ou outra interessante, como Katniss atingindo uma maçã da mesa do jantar dos poderosos para poder ter atenção ou a que o casal fica em chamas durante um desfile de apresentação, talvez o título do segundo livro ´´Em Chamas`` seja uma referência ao estilo de entrada adotado pela garota. Ainda embasado em influências e comparações entre literatura jovem transposta para as telas nos últimos anos, o visual de Katniss lembra muito o de Susan, uma dos Pevensie mais velhos de As Crônicas de Nárnia, seja o cabelinho sempre preso, o espírito aventureiro, a introspecção e gênio forte e, não menos importante, sua arma adotada.
Entre os atores veteranos estão Stanley Tucci (O Diabo Veste Prada, Um Olhar do Paraíso) como Caeser Flickerman, o Pedro Bial de Panem assumidamente charlatão e cafajeste, Elizabeth Banks como Effie Trinket, uma mistura de Willy Wonka, Rainha de Copas e Dolores Umbridge, e outros como Woody Harrelson, Wes Bentley, Donald Sutherland e uma grande surpresa, o roqueiro Lenny Kravitz fazendo participação mais que especial como Cinna, estilista e confidente (ui) da heroína principal. Antes de Jogos Vorazes o músico participou de outro filme, Preciosa (2009) de Lee Daniels.


Arte e conceitos
É difícil idealizar nosso mundo num futuro distante ou muito próximo, nunca se sabe, repleto de densas florestas e animais, pois já agora algumas pessoas mais poderosas acham que árvore não serve para nada. Um ambiente mais deserto, arenoso, como nos filmes do Mad Max talvez fosse mais adequado. Não sei quanto ao livro, mas o diretor Gary Ross (Alma de Herói, Seabiscuit) preferiu optar por um visual mais afetado, colorido, como é tendência nos filmes futuristas de pouco conteúdo atuais, já citando os caleidoscópicos Aeon Flux (2005, Karyn Kusama) e Ultravioleta (2006, Kurt Wimmer) que lembram os comerciais do gel dental Close Up. Esse exagero visual provavelmente foi planejado para o próprio filme, já que não caberia num livro tantas cores e descrições esdrúxulas dos ambientes e figurinos. Chegamos a nos perguntar por que não chamaram a Lady Gaga nem que fosse para fazer uma ponta. Por sorte o filme não é que nem Maria Antonieta (2005, Sofia Coppola) que só tem direção de arte e mais nada, e mais sorte ainda é não lembrar nem de longe a saga Crepúsculo, seu paralelo de comparação (exceto pelo aparecimento de um lobo faminto aqui e ali). É um filme bom. Tanta espetacularização da violência, crueldades asquerosas, fugas alucinadas, aflição e instinto de sobrevivência o aproxima dos filmes dirigidos por Mel Gibson. Ok, a violência de Jogos nem é tão gritante assim, é enrustida para adequar-se à sua faixa etária e torna-lo comercial para toda família, até mesmo para atrair os ´´crepusculomaníacos``, mas uma boa direção consegue suprir elementos gráficos com dedução, e olha que nas provas bárbaras em que os participantes não saíam vivos, se não eram explícitas só não tinham sangue. Isso só prova que o filme de Gary Ross se saiu melhor que o anunciado, consegue transmitir a emoção proposta e até chocar, sem mostrar sangue e pedaços de corpos como os filmes dos outros jogos de vida e morte. Mas o que impressiona mesmo não é o sadismo dos organizadores do doentio espetáculo, nem do civil que assiste a tudo com pipoca e refrigerante, nem as provas sinistras e as mortes horrendas dos participantes, e sim o fato de serem adolescentes, ou crianças, dependendo do ponto de vista, inocentes sem preparo que, separados de sua família participam contra sua vontade de batalhas para a política/entretenimento dos adultos/poderosos. Entende-se nas entrelinhas uma crítica ao regimento militar obrigatório recrutante de jovens para as guerras de outrora, sobre o falso pretexto de condecoração de heróis. Por mais que os personagens não tenham história (o espectador é incitado a sentir pena de Katniss e Peeta somente) é triste ver meninos e meninas de semblante infantil sofrerem mortes tão violentas de forma abrupta e injusta, e a carga dramática é tão grande que se não piscamos ou desviamos o rosto ficamos com remorso, nos sentindo intimamente como Flickerman ou outro participante ativo de trás das cortinas do reality.
Os atores serem em grande parte maiores deve ter facilitado o projeto da película ir adiante. Alguns provincianos talvez chiariam caso os atores, quem sabe mais ainda em se tratando dos principais, tivessem a mesma idade que nos livros, se bem que Amandla Stenberg que interpreta Rue, uma menina com quem Katniss consegue fazer amizade em meio aos conflitos não tem mais que 14 anos, embora tenha tido uma participação rápida. O alívio cômico fica mesmo por conta de Haymitch Abernathy (Woody Harrelson), sobrevivente de uma das edições anteriores do torneio que acabou se tornando um alcoólatra inveterado. Se seu comportamento era detestável no início, no decorrer do filme aprendemos a amar esse querido mentor de Katniss e Peeta.
A primeira sequencia de Jogos Vorazes a ir para o cinema já tem diretor definido e é previsto para o ano que vem, Francis Lawrence (Água para Elefantes) é o encarregado da adaptação de Em Chamas, esperamos que seja tão bom quanto o primeiro (ou melhor, quem sabe).

A espetacularização da violência
Indiscutivelmente é difícil não lembrar quando pensamos em Jogos Vorazes, do clássico literário (esse sim) de George Orwell, 1984. Em um período onde o conceito de vigilância é constante na vida das pessoas, seja nas mídias sociais da Internet, seja em uma simples ida ao supermercado, estamos sendo sempre ´´televisionados`` pelo próximo que tem à mão um equipamento fotográfico ou filmadora por mais precário que seja, lembrando que pessoas de todas as idades tem celular com tais funções. Os valores da privacidade já não existem mais, é discutido hoje em dia o que é público e o que é privado, e o maior erro não é se apoderar da imagem do outro, e sim se deixar apoderar. Enfim, o outro não está interessado em sua vida, por mais que você a exponha, e sim em expor a vida dele próprio.
Quantas versões de Big Brother ainda veremos passar (veja bem, eu disse ´´veremos passar``, não assistir) e quantas ainda estão por vir? Fora os BBBs genéricos, de outras emissoras, como A Fazenda, 20 e Poucos Anos, Brazil´s next Top Models, Busão do Brasil, Mulheres Ricas e os finados A Casa dos Artistas e No Limite, esse último com uma premissa mais inovadora, de aventura, o que só o torna menos pior. E isso só no Brasil, lá fora eles também tem o deles, que na verdade não se difere em nada não importando se foram os primeiros, como os BBs americanos, My New Bff, Survivor, etc. O mesmo público que sorve a vida alheia sabendo que não aproveitará nada de útil, também ´´videa`` como diria Alex DeLarge, personagem de outro filme distópico, barracos, conflitos, brigas e violência com a mesma superficialidade que a bunda de uma famosa gostosa, as pernas bem torneadas de um jogador de futebol ou as frivolidades que peruas falam na mesa do café da manhã, afinal, fazem parte do espetáculo como um todo para olhos insensibilizados ávidos por coisas que não podem ter, admirados por pessoas que não podem ser. Passam a tomar o ´´outro``, aquele que está do outro lado da tela como um objeto de fetish para seu prazer virtual; aquele outro não é você. Nunca vai ser. No entanto está ali acompanhando seu dia dia, e essa relação virtual de busca por satisfação e controle nos lembra os videogames que jogamos. Desejo, cobiça, ira, vontade de mais e mais e até um certo despeito entorpece nossa mente, nosso discernimento e nossas emoções. Os valores passam facilmente a serem confundidos e no final só o que queremos é mesmo um entretenimento na hora do jantar, não importa quantos corações foram partidos, pois é exatamente a busca por conflitos que nos interessa. Um filme que nos faz pensar bem sobre isso é Violência Gratuita, de Michael Haneke. Assistindo a película até o fim percebemos que o diretor queria dizer muito mais do que parecia.
É claro que Jogos Vorazes trata disso da maneira mais metaforicamente possível. Pedro Bial ainda não apresenta um programa de visual estilo Restart com homens afeminados (ops) e vespas geneticamente modificadas.



As Aventuras de Tintim

Viva o Orgulho Hetero!









A nossa causa também deve ser defendida.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

E lembre-se, não é um recorde se não estiver no Guiness Book


Quando eu era moleque em 2005 adorava assistir um programa que era quase um freak show apresentado por uma louraça. Tá certo, eu já tinha 22 anos, não era tão moleque, mas era assim que me sentia quando começava Recorde Guiness - O Mundo dos Recordes nas noites da Record, apresentado pela Maria Cândida, que viria a ser minha musa por anos e anos. O programa apresentava curiosidades de diversos lugares do planeta, tipos esquisitos e os recordes mundiais mais estranhos do mundo, e como sou chegado numa bizarrice assistia sempre que podia. Foi lá que vi o chinês de duas cabeças, o marido que tinha a mulher mais obesa do mundo que sequer conseguia se levantar da cama sozinha, pessoas que conseguiam pôr metade do globo ocular para fora das órbitas, a mulher com a cintura mais fina que adorava usar espartilhos ultra apertados, o homem que parecia não ter ossos no corpo, o maluco de corpo revestido de tatuagens, a mulher cheia de piercing que atravessava a língua com uma espada, o senhor de nariz implantado, o cara que beijava cobras (sem trocadilho, por favor) que teve um triste fim tempo depois ao ser ferroado por uma arraia, recorde de pregador na cara e de arroto, entre outras nojeiras e coisas nefastas que embrulham o estômago de qualquer pessoa que não esteja psicologicamente preparada. Curioso é que o programa passava mais ou menos na hora do jantar, mas eu não deixava de assistir de jeito nenhum e ficava esperando quem ou qual anormalidade seria a próxima atração, e dependendo de qual fosse eu até me surpreendia. Amigos mais sensíveis ficavam enojados quando eu começava a contar o hit da semana. E o melhor de tudo, o programa tinha à frente uma bela loura cheia de charme e conteúdo, numa faixa ideal para protagonizar meus sonhos juvenis cheios de testosterona, e essa  combinação para mim fazia toda diferença no horário nobre da TV aberta. 

Maria Cândida começava a despontar como apresentadora

Era a época que a Record estava crescendo como emissora e em sua programação noturna, que ainda não contava com novelas de peso, só mesmo o que prestava era essa versão nacional do programa gringo Guiness Book, claro que com uma apresentadora mil vezes melhor, e os filmes trash de sábado. A própria Maria Cândida era um rosto pouco conhecido, mas que teve seu talento aproveitado, e depois esteve à frente de outras atrações como Tudo a Ver, Programa da Tarde, e hoje está na Rede TV. Acredito que agora é uma das apresentadoras alto nível como uma Ana Hickmann, por exemplo. Ainda em 2005 protagonizou outro programa que fazia dobradinha com Guiness Book, As Maiores Curiosidades do Mundo, eu não achava tão bom quanto as atrações grotescas do primeiro, mas valia à pena assistir, nem que fosse pela apresentadora. Não fez sucesso semelhante e ainda tinha as novelas da Globo para ofuscar, e tempo depois a apresentadora engravidou e os programas ficaram de molho para não voltarem nunca mais, a não ser em reprises em horários diferentes, mas foi bom enquanto durou. Até hoje sinto saudade da maneira canastra e sexy da jornalista apresentando as atrações com direito à trocadilhos e das anomalias circenses. Mas quem sabe hoje em dia eu talvez nem achasse mais graça. Na época eu era um jovem ávido por novidades que mexessem com as emoções, de testosterona a mil, prazer pelo desconhecido, algumas doses, mesmo que pequenas, de experiências frustradas não satisfeitas, sejam sensoriais ou viscerais, e é claro, feliz acima de tudo, embora não soubesse exatamente, como todo jovem daquela idade. 
Hoje a Record está à nível, senão total, semi global, Maria Cândida hoje é uma apresentadora de talento reconhecido, mas ainda assim sinto que a emissora do bispo nunca mais vai ser a mesma sem a loura dizendo a máxima que me encantava ´´E lembre-se, não é um recorde se não estiver no Guiness Book``.























quarta-feira, 13 de junho de 2012

Para o diabo nada é impossível



Pai Bruno é pego dando golpe em vítima do Arpoador. E ainda falava que trazia a pessoa amada em 3 horas. Mas era hilariante os anúncios desse cara no jornal O Dia. Não sei porque, mas domingo mesmo tava pensando em como ele fazia para conseguir tal proeza. Olha para a naipe do cara da foto e me diz se não é de fazer qualquer compactuante com o coisa ruim se sentir envergonhado.


Para o diabo nada é impossível? Pois é, não foi impossível ser preso.

Mais um filme japonês escroto

Tampopo é um filme japonês dirigido por Juzo Itami, de 1985, classificado como ´´O primeiro western Miojo``, reinventando o western Spaghetti. Assista essa cena se tiver estômago. Roubar chiclete da boca das minas já era.

Vaso sanitário nerd



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