sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Gil Lima corta o cabelo



Vai demorar a me acostumar. Eu parecia o Sawyer, mas meu cabelo inventou de ficar uma putanesca e tive que cortar logo a lamentação.

Matéria minha publicada na revista Mais Mulher de Votuporanga-SP


As Relíquias da Morte – Parte 2
O fim de uma era




Quem assistiu a segunda parte de As Relíquias da Morte que fecha de vez a saga Harry Potter no cinema deve ter achado que a produção deixou a desejar. Pelo menos para quem acompanhou as aventuras do bruxo nos livros. É claro que tem o problema clássico de adaptação de detalhes e personagens para uma projeção de pouco mais de duas horas, mas por ser o capítulo final a gente esperava mais. Mesmo assim, foi suficiente para arrancar lágrimas da platéia, considerando ainda nossa despedida a personagens memoráveis como nosso querido Harry, Rony e Hermione, Neville Longbottom (Matthew Lewis), Severo Snape (Alan Rickman) e alguns mais recentes como a formidável Belatriz Lestrange (Helena Bonham Carter), Luna Lovegood (Evanna Lynch), Lobo Greyback (Dave Legeno) e o casal Tonks (Natalia Tena) e Lupin (Luke Newberry). Claro que nem todos tiveram o tratamento merecido, e se seguida a adaptação a risca despertaria ainda mais emoção. Em comparação ao filme anterior, fico com a primeira parte, que num intervalo de oito meses conseguiu gerar grandes expectativas levando ao cinema até aqueles que não acompanharam a saga do bruxo adolescente, mas que infelizmente deixou ao espectador fiel um gostinho de quero mais. A batalha final que teve Hogwarts como cenário e a deixou bem avariada, foi resumida e em ritmo acelerado, mal se destacou o feito dos outros estudantes da escola, apenas Neville teve um destaque maior pelos seus atos de bravura e por ter decepado a cabeça de Nagini, a última horcrux. A expulsão de Snape da escola foi fora de hora, numa solução resumida encontrada pelo diretor (David Yates), e tantas improvisações no roteiro nos faz lembrar outras adaptações que prometem mundos e fundos, mas o resultado final sai uma miscelânea de conflitos e furos no roteiro que pode funcionar num filme pipoca despretensioso, mas incomodar alguns fans mais xiitas. J. K. Rowling de fato se despede com estilo de seus personagens em As Relíquias da Morte, portanto qualquer tentativa de adaptação não faria jus ao último livro. O que nos deixa contentes foram as referências remanescentes do longo da saga como os Diabretes da Cornualha, o esqueleto do Basilisco cujos dentes são ótimas ferramentas para destruir horcruxes, a flor que nasceu no lugar onde se deu o primeiro beijo de Harry e a recordação de sua primeira ida à Gringotes e seu contato com duendes antes de entrar em Hogwarts, nos compensando a falta de emoção narrativa mesmo que depois da batalha final os personagens envolvidos, até os mais importantes, passassem despercebidos.
É difícil lembrar que não veremos nunca mais Harry Potter e companhia nos cinemas. Foram 10 anos, 7 livros e 8 filmes que o tornaram uma das franquias mais rentáveis do cinema nos últimos anos, superando até mesmo Star Wars. J. K. Rowling chegou a ser considerada a mulher mais rica do mundo depois da apresentadora americana Oprah Winfrey. Tamanha popularidade se deu, sobretudo entre os jovens que cresceram junto com os alunos de Hogwarts a cada ano em que um filme era lançado. Uma das fórmulas de sucesso é o palco das aventuras ser uma escola, e os personagens principais, garotos aprendizes, acompanhando o ano letivo de todo garoto que nutria um mínimo de identificação com os personagens, pois como todo adolescente, Harry e seus amigos aprendiam sobre a vida e sobre si mesmos ao desenrolar das histórias, e em comum com qualquer outra escola eles tinham suas matérias favoritas e as que tinham mais dificuldade, suas dúvidas a respeito do futuro, seus desafetos, suas paqueras, os colegas mais bobos, os mais estudiosos e os professores mais queridos e os mais odiados. Para engrossar ainda mais a identificação com os jovens, os personagens do mundo bruxo estavam sempre ditando moda. Dependendo do filme (entenda-se o diretor e a época da vida de Harry) o personagem principal já teve cabelo de tudo que era jeito, arrumadinho, desarrumado, mais longo, mais curto, e o próprio visual dark dos personagens, cabelo longo, franjas, algumas vezes caindo nos olhos, influenciava o estilo dos adolescentes de se vestir, moda urbana roqueira, do tipo que combina sobretudo com tênis All Star. Mais tarde até os mais velhos foram contagiados pela Pottermania se antes enfrentavam algum tipo de resistência, grande parte conquistada pelos livros e pelos filmes mais à frente, que a partir de O Prisioneiro de Azkaban passou a adotar uma estética mais densa e sombria. Uma coisa é unânime, um dos elementos que atraiu tanto jovens como adultos a acompanhar a saga é o mundo da magia, do contato opcional com o místico, afinal, todo mundo já fantasiou ter super poderes, e que maravilha não seria se apenas bastássemos querer, como quem escolhe um curso de faculdade, mesmo vindo de um mundo normal (trouxa) e ainda pudéssemos gozar de total sigilo quanto a nossa condição especial? A filosofia de um mundo mágico paralelo ao nosso, onde crianças tão jovens são recrutadas ao ocultismo aprendendo a serem seus próprios deuses revoltou parte de religiosos que acusavam a obra de iniciar as pessoas dês de cedo ao paganismo, inclusive o visual, a paleta e a interpretação do significado dos objetos das produções sofreram (e ainda sofrem) críticas mordazes, mas eles esquecem que também no mundo mágico o bem prevalece. Tanto que o Lorde das Trevas tem o fim que merece quando Harry se sacrifica ao descobrir ser uma horcux, pois enquanto ele viver o Lorde das Trevas não poderá ser morto. Mas nosso herói consegue dar uma virada e sair triunfante de uma maneira que nos deixará com saudade. Engraçado que enquanto Harry e sua turma passavam no cinema, a autora paralelamente escrevia os livros seguintes, de modo que uma produção influenciava a outra.

Pontos negativos de toda saga Harry Potter
Percy Weasley: O mais desunido e ambicioso Weasley, muita gente achou que fosse se tornar um Comensal da Morte. Apesar de no livro ele ter retornado de uma maneira triunfal no momento da morte de outro Weasley na batalha final, no filme ele sequer foi lembrado. Aliás, Percy não é arranhado dês de A Ordem da Fênix. De fato, é um personagem que não faz falta.
Os Dursley: Como ficou a relação de Harry com os tios? As mágoas teriam passado? Os Dursley teriam aceitado Harry como ele é? A família trouxa de Harry não aparece em dois filmes e tiveram uma breve participação na primeira parte de As Relíquias. Nem no livro se tem mais notícias deles após a morte definitiva de Voldemort, logo agora que o primo Duda demonstrava um mínimo de afeto por Harry. Mais uma dúvida que levamos para casa.
Os Granger: Não foi explicado como Hermione tomou conhecimento da escola de magia e bruxaria de Hogwarts tendo pais trouxas, nem o que eles achavam de sua decisão de tornar-se bruxa, e muito pouco como era sua relação com eles. No livro ela chegou a ´´confundir`` seus pais para que eles pensassem que não tinham filha e se mudassem para a Austrália, ficando assim seguros dos ataques de Voldemort e seus Comensais da Morte. Passado a batalha, nada mais foi explicado. No cinema, menos ainda é explicado sobre seus pais. E o órfão era o Harry.
Massacre de personagens: No último capítulo da saga (pensando no livro e no filme) mais de vinte (!) personagens são mortos, dentre eles personagens queridos. Alguns nem precisavam de um fim tão triste, mas a autora achou interessante uma carnificina melodramática. Se bem que guerra é guerra, difícil saírem todo ilesos. O que incomoda mais é a falta de atenção merecida, mesmo para a morte, de alguns deles, teve gente que só sabemos de sua morte no mesmo tempo que Harry, quando já estão estirados no chão. No livro temos sensações semelhantes, embora alguns tenham sido mortos como dignos heróis.
Assistentes de vilões: A princípio os fiéis escudeiros de Draco Malfoy (Tom Felton), Crabbe e Goyle eram apenas dois sacos de massa bruta descerebrados, no entanto a dupla foi variando ao longo do filmes, já chegaram a serem magros, negros... e considerando que a dupla acompanhou Draco dês de o primeiro ano em Hogwarts (o equivalente para ele de Rony e Hermione para Harry) a morte de Crabbe em um incêndio provocado pelo feitiço Fogo Maldito na Sala Precisa devia ter sido melhor abordada. Também incomoda o fato de Rony ter aceitado com naturalidade, sem mais revoltas, o fato de seu ratinho de estimação ter sido o principal responsável pela volta de Voldemort.
As namoradinhas de Harry: Para um jovem famoso no mundo dos bruxos, que realizou grandes feitos, excelente batedor do time de quadribol de Hogwarts e ´´o eleito``, Harry não teve sorte com a mulherada. Só teve duas mulheres na sua vida, sendo que a segunda se tornou sua esposa e mãe de seus filhos. Podia ter aproveitado mais o glamour.
Sonserina: Casa comunal onde se originou os maiores vilões, mas não é necessariamente uma ´´casa do mal``. Snape, um grande braço direito de Dumbledore, era o diretor da casa, o próprio Harry quase entrou para ela e mais tarde garantiu ao filho que não se importaria se ele fosse escolhido pelo chapéu seletor para tal casa. Contudo, não houve participação de sonserinos na batalha final. Enquanto no livro os estudantes da casa se retiraram por livre e espontânea vontade, no filme a professora McGonaghal (Maggie Smith) chega a expulsá-los. Que história era aquela de ´´união entre as casas de Hogwarts`` Rixa e preconceito pouco é bobagem.

Pontos positivos
Família Weasley: A autora encontrou uma solução interessante para vários personagens da brigada do bem estarem sempre unidos e poder se encontrar facilmente; nove são da mesma família e sete inicialmente moram juntos, e isso inclui um vínculo com o ministério, já que o pai de família, Arthur (Mark Williams) trabalha na Seção de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas. Sendo órfão, Harry acaba acolhido pela família de seu melhor amigo. Mais tarde, Harry e Hermione acabam entrando oficialmente para o clã Weasley.
Hagrid: Personagem carismático que se destacou bastante ao longo da série. Foi ele quem levou Harry bebê para seus únicos parentes vivos, lhe apresentou o mundo bruxo anos mais tarde, nunca fugiu da raia numa briga e apesar de ter sido expulso da escola conseguiu tornar-se professor, mesmo não sendo dos melhores, mas sabe como divertir. Viril, amante da natureza, bonachão e um grande amigo, Hagrid é um personagem que todo mundo aprendeu a amar.
Severo Snape: Outro personagem formidável. Ele é um dos principais responsáveis pelo derramamento de lágrima da platéia. É comum na dramaturgia determinado personagem se apresentar como bonzinho e mais tarde se revelar um terrível vilão, mas é difícil acontecer o contrário. Snape será lembrado como um dos heróis que mais se sacrificou, nos fazendo sentir remorso por tê-lo detestado tanto no decorrer da saga.
Os Malfoy: Quem acompanhou a saga percebeu que Draco é apenas fruto do meio em que vive. O rapaz não tinha veia assassina e começou a dar sinais de humanidade em O Enigma do Príncipe, a ponto de despertar pena do personagem. Seus pais, cordeirinhos de Voldemort, passam a última batalha toda só preocupados com o garoto, e no final Narcisa (Helen McCrory) acaba ajudando Harry. Anos mais tarde Draco torna-se um pai de família como os outros, liberto dos domínios malignos.
Beauxbaton e Durmstrang: Ainda no quarto livro, O Cálice de Fogo, a autora abordou uma questão interessante: Teria outra escola de magia e bruxaria além de Hogwarts? A resposta era óbvia: Claro que sim. Já imaginou se existisse só uma escola em todo mundo? Pensando nisso a autora criou a escola búlgara Durmstrang e uma francesa só de meninas, Beauxbaton. Claro que ela deve ter pensado em outras espalhadas por aí, essas duas são apenas exemplos de que o mundo lá fora também tem seus bruxinhos. E ainda criou uma gincana estudantil (torneio Tribruxo). Bruxo também é gente como a gente.
O ´´pulo`` no tempo: Engraçado ter se passado exatos 19 anos no epílogo de As Relíquias da Morte, número quebrado. Talvez esse número signifique alguma coisa para a autora. Enfim, foi bonita a cena final onde os casais Harry e Gina e Rony e Hermione levam seus filhos à Plataforma Nove e Meia e até dão de cara com Draco e seu filho Scorpius. Mais interessante ainda foi ter sido mantido os mesmos atores, apenas dando uma envelhecida em seus traços. Só achei piegas o nome do filho do meio de Harry, Alvo Severo. Aff.
Personagens passíveis de erros: Nenhum personagem da saga é exemplo rigoroso a ser seguido. Todos já cometeram algum erro no passado, o que a princípio decepciona o coração de Harry, mas logo passa a aceitar levando em consideração o conselho de seu padrinho Sirius Black (Gary Oldman) de que ´´O mundo não se divide em pessoas boas e Comensais da Morte``. Como o fato de Harry ter descoberto que Sirius, Remo Lupin (David Thewlis) e seu pai Tiago (Adrian Rawlins) cometiam bullying contra Snape, ou assim como seu mentor Dumbledore, que na juventude era amigo de Grindelwald, bruxo conhecido por seu envolvimento nas artes das trevas, com quem procurou as Relíquias da Morte acreditando na supremacia dos bruxos de sangue puro.

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